28 de fev. de 2008

to com saudades de postar no meu blog =(

12 de fev. de 2008

• ★ É preciso ter caos e frenesi dentro de si para dar à luz uma estrela dançante*.



Lá, bem ali, ao longe, vemos um homem, um homem com uma mente inteligente e também sensível. Observemo-lo. Talvez de certa feita tenha mirado profundamente o horror da própria existência. Talvez tenha visto demais! Talvez deparasse com as mandíbulas devoradoras do tempo ou com sua própria insignificância - pois não passa de uma partícula - ou com a transitoriedade e contingência da vida. Seu temor foi cruel e terrível até o dia em que descobriu que o desejo aplaca o medo. Por conseguinte, abrigou o desejo em sua mente e este, um competidor implacável, logo expulsou todos os demais pensamentos. Mas o desejo não pensa; ele anseia, ele rememora. Assim, esse homem passou a rememorar luxuriosamente Bertha, a aleijada. Ele deixou de olhar a distância, despendendo seu tempo rememorando milagres tais como o modo de Bertha mover os dedos, a boca, como se despia, como falava e guaguejava, andava e mancava. Logo, todo seu ser era consumido por tal insignificância. Os grandes bulevares de sua mente, abertos para o trânsito de idéias nobres, ficaram entulhados de lixo. Sua lembrança de ter outrora pensado grandes pensamentos foi se enfraquecendo até desaparecer. Seus temores também desapareceram. Restou apenas uma ansiedade torturante de que algo se extraviara. Intrigado, procurou pela fonte de sua ansiedade entre o lixo de sua mente. Assim o encontramos no momento atual, remexendo o lixo, como se este contivesse a resposta.


Caso tivesse te criado, conceder-te-ia melhor saúde e muito além daquilo que é bem mais valioso... e talvez um pouco mais de amor por mim (embora isso não tenha absolutamente a mínima importância) e o mesmo se daria com o amigo Rée. Nem contigo nem com ele consigo proferir uma só palavra sobre questões do meu coração. Imagino que não tens idéia do que desejo? - mas esse silêncio forçado é quase sufocante, porque gosto de vocês.


- ★ Irvin D. Yalom

1 de fev. de 2008

Nós dois ...

Abri os olhos num silêncio infindo, e por um instante só escutei o tic-tac do relógio despertador na cabeceira da cama. Ele marcava 4:17 da manhã. Demorei alguns segundos para reparar que você esta ali. Era você ? Era sua, aquela mão tão pesada e ao mesmo tempo tão delicada quando de encontro ao meu corpo?

Estávamos abraçados. Grudados. Colados. Sentia seu ressonar no meu pescoço com uma agitação sincronizada. E esse mesmo ressonar, fazia com que eu sentisse seu peito de leve subir e descer, subir e descer. As vezes mexia a mão de forma quase imperceptivel, mas continuava com ela ali. No mesmo lugar.

Seu braço apoiando meu pescoço e o outro entrelaçado aos meus, dava a sensação de que você me protegia de algo. Algo que nem eu, nem você sabíamos o que era. Nem ao menos se existia. Mas permanecíamos juntos. Você me protegendo e eu, protegida.

Virei-me e calmamente aproximei meus lábios dos seus. Coloquei minha mão nas suas costas e acariciei com toda delicadeza que podia, e de forma doce, com meus lábios ainda ali unidos, repeti diversas vezes para que você não deslembrasse nunca: te amo, te amo, te amo.

Te beijei docemente como se fosse a ultima vez. Não era a ultima vez, eu sabia. Mas beijei e olhei. Olhei por alguns segundos como se eu quisesse o gravar. Passei minha mão por cada pedacinho do rosto e meus dedos agora se misturavam com um punhado de cabelos seus.

Sem querer te acordei. Não era minha intenção. Mas olhar e não te tocar era improvável. Impossível. Queria cada pedacinho daquele corpo junto ao meu. Esperei que me desse uma resposta estupida. Mas não, levemente esboçou um sorriso e me abraçou com força, fazendo com que nossos rostos se tocassem.

Agora, conseguia escutar perfeitamente seu ressonar no meu ouvido, e bem baixinho me chamou e pediu pra eu ficar. Pra ficar sempre ali, sempre pertinho de você. Fui tomada por uma impressão boa, por uma paz e como resposta te abracei forte. Mais forte do que estávamos. E ali adormecemos. Mais uma vez. Juntos. Abraçados. Formando um só elo, dando nó. Dois corpos em um só.

"Não deixe que minhas erupções de megalomania ou que minha vaidade ferida incomodem você demasiadamente; e, se algum dia suceder que eu me prive de minha própria vida em um ataque de paixão, isso não deveria ser motivo de grande preocupação. Que fantasias tenho de você!.."


Quanto Nietzsche Chorou.