19 de set. de 2009

Deixa Estar

Tinha uma vida de experiência a mais que ela. Ele com quarenta, ela com vinte. Sophia parecia realmente não se importar, mas ele continuava deixando tudo mais difícil. Tudo ainda mais complicado a cada dia.


Aquela senil e insignificante estória de diferenças que se unem, pra ele, nunca existiu e não existiria nunca. Mas mesmo com tantos “poréns”, era tudo tão diferente que a fascinava. A cada dia ela permanecia deslumbrada, extasiada. E mesmo com tantos não-vamos-dar-certo, Sophia seguia em frente com o seu otimismo em excesso.


Raul teimava em dizer que todo aquele abuso de otimismo se tornaria ilusão, mas todos os dias a lembrava de como valia a pena continuar. De como era bom manter aquela mesma situação a cada semana. Mesmo sendo esporádicas visitas aos domingos e o bom humor por conveniência, Sophia conseguia saciar naquele pouco tempo a falta que ele fazia enquanto estava ausente.


Durante dias, ela sentia que faltava algo, mas não exigia muito. Nunca exigiu. Às vezes, incondicionalmente, gritava pra si e pro mundo que precisava de um pouco mais. Ele nunca escutava, ou fingia não escutar. Era tudo uma questão de tempo pra entender que aquilo tudo nunca-daria-certo. Ela entenderia, afinal, ainda teria muito tempo pra viver.


Como ela poderia compreender se a cada minuto de paz, ele conseguia acabar com dez? Traçava uma briga consigo mesma para manter-se longe dos prazeres das esporádicas visitas de domingos ou simplesmente se espaçar de qualquer sentimento de Raul, mas a cada vez que era forte suficiente para fazer isto, ele ressurgia e ela o deixava voltar. E ele voltava sempre com a mesma loucura. Voltava como um dia qualquer. Como se as insônias, lamentações e lamúrias, como se os dias perdidos na espera em vão de um único telefonema não tivessem existido.


Mas cedo ou tarde ela iria entender. Entender que, talvez, aquilo tudo fosse realmente uma loucura ou uma pseudo-história de amor. Tinha muito pra conhecer da vida que um dia ele já conheceu e com certeza acharia as respostas dos pessimismos de Raul. Quem sabe, o clichê a-gente-nunca-daria-certo não estivesse de todo errado. Mas agora é cedo. Muito cedo. Deixa como está. Deixa estar. Um dia ela ainda vai entender.

27 de jul. de 2009

Tá, já chega. Ponto final e pronto. Saiu, bateu a porta e aparentemente não voltaria nunca mais, como fez da última vez.

Esperou por dias o mesmo sorriso sincero de Raul, que sempre aparecia na porta e tocava a campainha com as mãos lotadas de rosas e margaridas, as preferidas dela. Sempre havia volta, ele sempre voltava. Raul sempre fingia esquecer e voltava.

Mas dessa vez ele não voltou...

29 de mar. de 2009

Dia sem Cor

Mentir ou não? Qual o peso de dividir vontades entre verdades e sempre saber que nada daquilo valeu a pena?

Viver privando-se de tudo que te agrada, que te da vontade e que principalmente te deixa feliz por causa dos ... outros. Outros, somente outros. Nada do que se sente pode ser sentido por alguém. A angustia, o frio na barriga, a felicidade, o fato de estar radiante, ninguém pode sentir por você. Por que será que vivemos pensando no que pensarão e do contrário nada é feito?

Paro pra pensar e questões parecem não ter respostas, as vezes acho que nunca vou encontra-las. Minha vontade era fumar um cigarro, apenas um. Ele me deixaria satisfeita como nada e ninguém poderia fazer neste momento. Não é possível. Isto agora não é possível. Precisava também da minha cama, meu cobertor e meu travesseiro pra poder secar todas minhas lágrimas, eles seriam capazes de me satisfazer assim como um trago de um cigarro qualquer.

Estou sufocada. Engasgada. Querendo gritar pro mundo que é possível sim ser feliz sozinha, sem pensar em ninguém. Mas esse mundo me tapeia e me julga. Insisti em me mostrar a verdade que nem sempre, é a que eu quero ver. Admito.

Mas será que se eu pedir ao mundo, ele me dá uma janela com vista pro mar ? Talvez ele me colocaria de frente para o concreto, em uma janela virada pro nada, pro cinza, no escuro. Quem sabe assim, eu iria parar de me iludir com aparências e conseguiria enfim, colocar a cabeça no lugar.




PS: Não deveria ter acordado hoje;

16 de mar. de 2009

HOMEM: Carma (des)necessário.
Na minha mente ele sempre mente. Descaradamente, consequentemente ele me traz uma confusão.

Sabe, a vida anda desanimada. Sem cheiro, sem cor, sem graça. Estou saturada. Desmotivada. De saco cheio. Cheia das mesmas manhãs sem brilho.

Você consegue me entender ? Sei o quão é dificil fazer isto. Muitas vezes é o que tento fazer. Quantas vezes busco respostas para minhas incompreensões, pras minhas angustias, meu temores e elas nunca veem?

Espero sempre o inexistente e insisto que sou capaz. Capaz de tudo. De dominar o mundo. Capaz de controlar minha vida e atrelar a dos outros a todo e qualquer sentimento meu. No fim, percebo que participo repetidamente da mesma história de amar e não ter retorno.

O que me conforta é que aos poucos estou aprendendo a ser capaz de outras coisas também. Capaz de apagar telefones, contatos, de não ligar. Capaz de não chorar. De não sentir falta, mesmo querendo gritar pro mundo que só ficar ao lado dele me completa, me conforta, eu estou aprendendo a ser capaz de não amar.

Tenho raiva de mim por esperar tão pouco de pessoas que significam, no fundo, tão pouco também. É tolice querer amar. Querer se preocupar, cuidar. Quero meu coração gelado, de pedra. Duro e ruim. Pra que palavras poucas não corroam o que há tempos ando construindo.

Espero que tentes me entender. Me entendas pra que depois eu possa fazer isto. Me explique o que nem eu mesma consigo explicar.

Como sempre, sinto sua falta. Preciso ser seu espelho agora, sei que esta muito bem. Se importa com isso? Não me deixe só, eu tenho medo do escuro, eu tenho medo do inseguro, dos fantasmas da minha voz...

5 de novembro de 2008

Essa noite sonhei com ele. Mas foi estranho, diferente. O toque, o beijo, as palavras eram tão diferentes, sabe? Não foi ruim. Mas não foi bom. Acordei com aquela vontade, mas nao podia. Eu sei que não podia ter acordado com qualquer resquício de vontade. Mas acordei.

Agora to me sentindo estranha. Minha vontade era gritar e gritar e gritar pra ele que tudo que eu mais queria era tornar real aquela imaginação durante o sono. Não posso. Não posso. Não devo.

Não posso nem discar o numero do telefone dele. E se ele atender ? O que eu vou dizer? Que sonhei a noite toda com aquele abraço, com aquele minuto? Não, não, é melhor não dizer nada. Só escutar a voz dele e desligar? Também não.

Na verdade nada posso fazer. Sonho é delirio. É imaginação. É cansasso do dia-a-dia. É válvula de escape. Foi só um sonho. E o que é um sonho? Nada, não é? Então é isso mesmo. Vou deixar como está, e que não fique mais assim. Nunca mais.

Angustia sabe? Espero anciosa por sua resposta; por seu auxilio. me escreva, amo suas cartas. E se cuida por ai. Não sonhes mais. Sonhar não vale a pena.

Para meu amigo tão distante e tão próximo: Jonatha.

Tentei te ligar hoje mas na mesma hora descobri que não tinha seu telefone. Queria poder compartilhar a raiva, tristeza, decepção, enfim, compartilhar tudo que estava/estou sentindo. Você agora está trabalhando, e resolvi escrever pois sei que quando chegar em casa, consultará nosso baú de cartas. Ele me ligou hoje a tarde, você sabe quem. Me ligou e disse que não poderia me ver, que estava fora de sampa e que não chegaria a tempo. Mulher reconhece uma mentira masculina. E essa eu tenho 99,9% de certeza que é uma delas. Fazer o que ? Queria ta do seu lado hoje da mesma forma que você estava ontem. Fiquei emputecida e tão decepcionada. Sem querer as lágrimas escorreram. Eu não queria chorar. Juro. Precisava de um abraço seu naquela hora. Pra me confortar e pra me dar um UP (como todas as vezes).

Agora estou melhor. Bem melhor. Me fantasiei de melindrosa e estou saindo. Saindo pra esquecer tudo de ruim. E espero que esse "ruim" não me atormente a noite toda - como ja me atormentou por toda tarde. Ainda ando ENCANTADA e você sabe por que e por quem. Não quero mais pensar nisso.

Aguardo anciosa por sua resposta ...
Amo você e se cuida. Um bilhão de carinhos ...
Natália.

Meu mundo anda uma gangorra. Cheio de altos e baixos. As vezes bem em cima, outras vezes rente ao chão. Parece que todas as manhãs pego um enorme impulso , subo ao céu e logo em seguida vem algo ou alguém com uma carga maior e me derruba direto pro chão. Na manhã seguinte a mesma coisa. E na outra também, e na outra, e na outra ... Estou até tonta, cansada para dar o impulso mais uma vez.

Enfim, tem café no coador. Preparei agora pouco. Bem forte, do jeito que você gosta. Comprei também dois maços do seu cigarro preferido, eles estão ao lado da televisão. Quando der me liga, estou com o celular.

Beijo enorme
Sua pretinha preferida, Naty.

2:10 da manhã. Estava na janela, o céu está lindo. Confesso que é uma noite fria, mas com uma imensidão de estrelas bem acessas, piscando em tons de prata e vinho. Em alguns momentos até me ardiam os olhos. Parei e fumei o inseparável cúmplice cigarro, que queimou minha garganta, mas ao mesmo tempo me encheu de prazer.

Consegui ler umas quarenta páginas daquele livro chato que estou pra terminar há meses e já escutei a discografia Los Hermanos repetidamente umas três vezes. Saudades de você.

Ando com a cabeça a mil. Sentimentos, desejos, fascínios, medo. Tudo misturado. Embaralhado. Sinto-me uma mulher linda, forte, sozinha e feliz, que quer a todo custo agarrar e engolir o mundo, tudo com as próprias mãos. Mas passa alguns segundinhos e eu já me sinto frágil, fraca, desprotegida, querendo colo de mãe, de amigo, colo de namorado. E são nesses momentos que o mundo parece me engolir.

É tão estranho, e você parece cada vez mais distante. Mais longe. Queria poder definir com palavras a falta que sua companhia me faz. A falta que sinto do teu riso, sua risada. Queria poder compartilhar tanta coisa com você.

Tento cuspir sentimentos nas cartas que te escrevo, tirar tudo tudo tudo que tenho dentro de mim. Cartas. Parece que as ultimas que mandei foram extraviadas, ou você se mudou? Você as recebeu? Não. Não diga que não teve vontade de respondê-las...

Enfim, sinto sua falta. Volta?

28 de out. de 2008

(des)motivação: essa é a palavra.