30 de jan. de 2008

Perdão ...

E mais uma noite Sofia passou em claro. Por mais que tentasse, aquela idéia não a deixava descansar em paz. Acendeu quase as duas dezenas de Lucky Strike e desperdiçou uma infinidade de folhas do seu velho caderno de poesias tentando transferir pro papel tudo que parecia a aniquilar por dentro. Tantas folhas riscadas e rabiscadas, e nenhuma foi capaz de transcrever os sentimentos de Sofia naquela madrugada fria de segunda-feira.

Fazia algum tempo que, diariamente, um sentimento estranho, um vazio, um medo vinha perturbar sua vida. Seu sono. Medo de que alguém a qualquer momento levasse embora tudo que ela tinha de melhor. Medo de que as coisas piorassem a cada dia. Sofia sentia uma angustia que às vezes parecia sufocá-la. Queria se livrar de tudo que lhe fazia mal. Queria ser feliz, mas a lembrança daquela tarde sempre voltava para massacrar qualquer pingo de felicidade que começasse a mostrar manifestação.

Aquela tarde, onde todas as cartas foram jogadas na mesa. Que as confissões mais doces e dolentes foram feitas. Que tudo ficou transparente. Sem mais mentiras. Tarde onde Sofia pode perceber o amor que tinha por Raul. O amor incondicional que tinha por Raul. Tarde onde ela errou. E ele também. Ela a partir do momento em que mentiu e ele, de quando a humilhou.

A cada minuto ele a olhava com mais nojo, com mais repulsa. Olhava com ódio. Por uma tarde ele a tratou como um lixo, a tratou de um jeito que nenhuma pessoa deve ser tratada, a tratou como uma qualquer. Ela estava sozinha e ele fazia questão de não se importar. Ria de cada lagrima escorrida no rosto delicado de Sofia e parecia satisfeito em ver toda dor comprimida naquele choro. Ela parecia não suportar o desprezo do homem que amava, mas mesmo só, sustentou toda dor e sofreu calada.

No fim, conseguiu tirar o que estava a machucando tanto e perdoou Raul por todas as palavras atiradas como faca. Por todas as pedras jogadas. Por todos os beijos mal-correspondidos. Por todos os olhares com brilho correspondidos com olhares frios e opacos. Sofia o perdoou de corpo e alma. Perdoou porque o amor que tinha por ele, ultrapassava qualquer erro. Qualquer mentira. Ia além do que palavras arremessadas em momentos de fúria. Ia muito além do que ela própria podia imaginar. Esqueceu do passado e perdoou.

Porém, depois de algum tempo, Sofia pode perceber que o pior castigo não era Raul ter a tratado daquele jeito, não era seu desprezo, não era o fato de não lhe dar atenção. Era o simples fato dele não conseguir lhe dar o perdão. Aquele perdão que por mais que tentasse, custava vir. Aquele que era indispensável para a felicidade dos dois. O perdão que estaria tirando as boas noites de sono de Sofia e talvez, o único que seria capaz de levar tudo que ela tem de bom.

Mas esse perdão um dia vem? Isso ninguém consegue dizer. O amor que Raul tem guardado dentro do peito cheio de magoa e dor talvez seja o único que consiga responder ...

29 de jan. de 2008

Americanas.com

Fucking dia chuvoso! Odeio isso. Eu quase não estou saindo de casa nos dias ensolarados, quanto mais nesses intoleráveis dias de chuva.

Ainda hoje fui obrigada a recorrer ao Americanas.com pra, finalmente, comprar mais dois livros que eu estava querendo - Mentiras do Divã e Quando Nietzsche Chorou. O problema é que provavelmente só vai chegar em dois dias e daqui a dois dias espero BEM estar arrumando minhas malas pra me joga pra praia. E os livros que eu esperei impacientemente nesse fucking dia chuvoso, ficarão intactos embrulhados no plastico, em cima da minha bancada. Esperando para serem inaugurados. OSSO. Quero meus livros agora :/

Americanas.com podia MUITO colaborar comigo hoje. Só hoje. E o pior de tudo é ficar acompanhando o pedido pela internet. Por mais que passe o tempo, os malditos livros não saem do estoque.

Odeio chuva. Odeio esperar os pedidos chegarem em casa. Odeio tédio. Alguém pelo amor de Deus me livra disso? Acho que vou ser obrigada a ficar jogando Taipei no Banana Games. –‘ Aff.

17 de jan. de 2008

Deixa, deixa pra mais tarde.
Verônica fechava os olhos e pedia sorrindo pra Beto sempre que ele cismava em ir embora. Na maioria das vezes os dois estavam esparramados pela sala, ou pelo quarto, ou por qualquer lugar rindo de futilidades e falando sobre qualquer coisa, mas como sempre, Beto tinha obrigações que deviam ser cumpridas. Naquela hora.

13 de jan. de 2008

Sempre existe aquela ultima esperança.
Aquela esperança ridícula sabe ?

desalento ...

Pela janela Laura podia ver mais um domingo acabando. Mais um domingo chuvoso. Melancólico. Tudo parecia triste e abandonado naquele quarto de cortinas vermelhas, exceto o velho discman tocando uma canção de los hermanos e o bom maço do admirável luck strike.

Fazia tempo que ela não se sentia tão sozinha como naquele fim de semana. Não havia pais. Não havia amigos. Não havia ninguém que pudesse abrir os braços para acolhê-la. Ninguém para ouvir suas angustias, seus medos, ou simplesmente para lhe fazer companhia naquele fim de domingo chuvoso.

Até as ruas daquela cidade pareciam mais tristes, mais vazias, mais sozinhas. Sozinhas como Laura.

Para matar o tempo e o tédio, ela fazia e pintava alguns desenhos abstratos e despejava todo e qualquer sentimento nos cúmplices lucks strikes. Los hermanos, agora, já não faziam tanta diferença. Participavam daquela solidão.

Solidão que aos poucos começava a incomodar e doer. Laura só queria alguém pra conversar. Uma companhia. Será que exigia muito das pessoas naquele momento? Talvez ...


Como eu vou sentir saudades desses dois viu ?! :(

you're really good in all ways ...

Sophia não acreditou quando encontrou o cara por quem era apaixonada na infância. Eduardo continuava lindo. E mesmo depois de passado tantos anos, ele tinha mantido todo seu encanto, que atraia as pessoas por inteiro. Conquistava por completo. O jeito único de olhar nos olhos continuava idêntico. Sempre dentro dos olhos. No fundo dos olhos.

Sentaram pra relembrar algumas histórias do passado, e de como eram felizes naquela época. De quando corriam atrás do outro nas brincadeiras, das conversas sem perversidade, da cumplicidade e dos bilhetes sempre apaixonados de Sophia. Ele confessou que tinha todos eles guardados em uma caixinha de madeira dentro do armário e que ninguém nunca tinha tocado em nada que pertencia ao passado dos dois.

Edu contou a Sophia que estava morando em Londres desde a época em que havia partido, descreveu a casa em detalhes, contou do jardim enorme e do cachorro labrador que vivia com ele. Contou dos seus dois empregos, que ocupavam uma boa parte do seu dia e contou também que estava casado e que seria pai no próximo verão.

Aquilo soou como algo completamente destrutivo dentro dela e extinguiu qualquer esperança de reviver o passado, talvez, pela ultima vez. Ninguém sabia qual seria a próxima vez que Edu pisaria em solo brasileiro. E a vida paterna junto com os dois empregos lhe custaria o dia todo, sem intervalos.

Passaram horas e mais horas conversando sobre tudo. Na maioria das vezes conversavam em inglês. Assunto nunca escasseava, e por mais que a noticia do casamento tivesse abalado Sophia, era visível que entre os dois rolava certo “entrosamento”.

Com a mesma empolgação de infância, ele a convenceu de ir até sua casa para que lhe mostrasse uma coisa. Era um livro de Paulo Coelho. Paixão notável de Sophia. Pediu que ela lesse apenas uma pagina. A página treze. Parece que a vida dela estava escrita naquela pagina, naquela pagina treze. Seus olhos se encheram de afeição e Sophia por alguns segundos ficou encostada ali, no conforto daqueles braços. No ombro de Edu.

Ela foi embora, mas prometeu que a noite se encontraria com ele no mesmo bar onde ficaram por horas conversando. Não havia outra coisa na cabeça dela que não fosse Edu e o passado arrebatador que tiveram. Queria tudo que haviam feito juntos de volta, mesmo sabendo que isso era hipotético. Improvável.

Na ultima noite de Edu no Brasil, ela o levou até sua casa para que também mostrasse uma coisa. Era uma carta. Uma carta daquele ultimo verão antes dele partir pra Londres, uma declaração, uma carta que mostrava todo o amor dela por ele, uma carta que nunca foi entregue.

Depois de ler e reler a carta uma dezena de vezes, Edu se entregou e deixou que os dois se unissem num abraço eterno, e a beijou incansavelmente. Deixou que seu coração articulasse a situação. Deixou que o passado invadisse seu presente. Deixou que Sophia o amasse. Amou e foi amado. Amou sem medo. Conseguiu amar, somente naquela noite.

Antes de partir, olhou dentro dos olhos de Sophia, entrelaçou seus dedos nos dela, apertou sua mão com força e em um tom meramente doce, falou “Girl, you’re good in all ways. EVERY WAYS!”. Deu-lhe um ultimo beijo e partiu.

Sophia nunca mais o viu. Nem conseguiu noticias. Talvez não volte a reencontrá-lo, mas sabe que tudo que passaram no passado e naquela ultima noite dele no Brasil, não será jamais esquecido. Tanto por ele, como por ela.

10 de jan. de 2008

ahhh Caio ...

"Mergulho no cheiro que não defino, você me embala dentro dos seus braços, você cobre com a boca meus ouvidos entupidos de buzinas, versos interrompidos, escapamentos abertos, tilintar de telefones, máquinas de escrever, ruídos eletrônicos, britadeiras de concreto, e você me beija e você me aperta e você me leva pra Creta, Mikonos, Rodes, Patmos, Delos, e você me aquieta repetindo que está tudo bem, tudo bem."

Caio F. Abreu

9 de jan. de 2008

beto;

Paz. Se não é isso que eu sinto, é um sinônimo disso. Paz tão grande que tenho vontade de ficar ali, esparramada entre aqueles braços minha vida inteira. Inteira mesmo. Sem sair dali, daquela tranqüilidade imensa e sem fim. Tranqüilidade que me leva a felicidade, a risos descontraídos e sem motivo. Felicidade que me leva pro mais belo. Sempre pro mais belo.

Tão belo que quando a mão dele vem de encontra a minha e entrelaça os dedos no meu, sinto uma infinidade de boas energias e parece que tudo de bom que existe no mundo esta ali. Concentrado em um ser. Naquele ser. Concentrado nele, somente nele.

Ahhhh, ele. Criatura que teve a disposição de me conquistar, de me deixar com uma paixão arrebatada. De me levar e não devolver. Ele ambiciona e consegue tirar de mim todos os sorrisos do mundo. Todas as lágrimas e sentimentos do mundo.

Como ele consegue? Como ele consegue dizer as coisas sempre de um jeito tão gentil, com tanto carinho?

Ele me faz querer partir com o vento. Partir e nunca mais voltar. Faz com que eu me sinta sempre protegida. Sempre abrigada. Ele me faz tão bem. Só faz bem. E aquele bálsamo que sinto quando estamos juntos, quando estou deitada entre seus braços, quando estamos em nó, conectados, ininterruptamente me traz alguma sensação delirante. Perfeita sensação delirante.


Estes são meus orgulhinhos :) Futuros Jornalistas.
Ahhhh faculdade...

4 de jan. de 2008

Sofia dançava festivamente ao som daquele velho rock’n’roll. Ria, ria e ria a cada nova nota que a fazia lembrar Raul. Raul, ahh Raul. Ele sim conseguia colocar um sorriso, por menor que fosse ele, no rosto de qualquer pessoa. Da mais triste a mais feliz. Da mais jovem a mais velha.

Raul era um rapaz bonito, mas não usava de artimanhas para seduzir e conquistar. Por mais que tentasse ser duro e às vezes meio rude, era inevitável que as pessoas ficassem apaixonadas por ele. Apaixonadas assim como Sofia...