5 de dez. de 2007

bem longe da perfeição

Talvez eu seja realmente uma péssima filha. Talvez por querer sempre mais, sempre exigir demais. Talvez por esquecer aniversários, não estar sempre presente. Talvez por agir apenas por interesse, quando convém. Ou apenas por que na maioria das vezes sou simplesmente eu, sem mascaras, nem disfarces.

Talvez eu seja uma péssima filha por beber de menos, usar drogas de menos, sair de menos, fugir de menos. Talvez eu seja uma péssima filha por brigar demais. Brigar por uma liberdade que por mais que eu tente, tente, tente, nunca vem. Talvez eu precise de um pouco mais de rebeldia, um pouco mais de violência, um pouco menos de amor.

Talvez eu possa ser menos mimada, menos “vagabunda”, talvez eu possa arrumar um trabalho, ou uma ocupação decente. Talvez eu possa largar a faculdade dos sonhos para que os outros possam viajar e comprar futilidades. Talvez eu possa passar meu natal longe, minhas noites largada na rua. Talvez eu possa ter uma vida só minha.

Talvez foda-se o que eu sinto, talvez foda-se onde eu vivo. Nada é meu. Nunca nada vai ser meu. A casa não é minha, o carro não e meu, as palavras não são minhas. Nem a comida é minha. Será que a vida é minha ?

Talvez a filha do fulano seja perfeita, eu não. Talvez eu devesse esconder minhas vontades, meus sentimentos, meus sonhos. Talvez nada disso importa pra vocês, não é mesmo “pais perfeitos” ? Talvez se eu fosse o oposto de tudo que eu fui e do que eu sou até hoje, eu seria, finalmente, a filha perfeita pra vocês.


Eu poderia tentar, mas me desculpe. Não posso ser a metade do que querem que eu seja.






" Você culpa seus pais por tudo, isso é absurdo ..."



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