Sophia não acreditou quando encontrou o cara por quem era apaixonada na infância. Eduardo continuava lindo. E mesmo depois de passado tantos anos, ele tinha mantido todo seu encanto, que atraia as pessoas por inteiro. Conquistava por completo. O jeito único de olhar nos olhos continuava idêntico. Sempre dentro dos olhos. No fundo dos olhos.
Sentaram pra relembrar algumas histórias do passado, e de como eram felizes naquela época. De quando corriam atrás do outro nas brincadeiras, das conversas sem perversidade, da cumplicidade e dos bilhetes sempre apaixonados de Sophia. Ele confessou que tinha todos eles guardados em uma caixinha de madeira dentro do armário e que ninguém nunca tinha tocado em nada que pertencia ao passado dos dois.
Edu contou a Sophia que estava morando em Londres desde a época em que havia partido, descreveu a casa em detalhes, contou do jardim enorme e do cachorro labrador que vivia com ele. Contou dos seus dois empregos, que ocupavam uma boa parte do seu dia e contou também que estava casado e que seria pai no próximo verão.
Aquilo soou como algo completamente destrutivo dentro dela e extinguiu qualquer esperança de reviver o passado, talvez, pela ultima vez. Ninguém sabia qual seria a próxima vez que Edu pisaria em solo brasileiro. E a vida paterna junto com os dois empregos lhe custaria o dia todo, sem intervalos.
Passaram horas e mais horas conversando sobre tudo. Na maioria das vezes conversavam em inglês. Assunto nunca escasseava, e por mais que a noticia do casamento tivesse abalado Sophia, era visível que entre os dois rolava certo “entrosamento”.
Com a mesma empolgação de infância, ele a convenceu de ir até sua casa para que lhe mostrasse uma coisa. Era um livro de Paulo Coelho. Paixão notável de Sophia. Pediu que ela lesse apenas uma pagina. A página treze. Parece que a vida dela estava escrita naquela pagina, naquela pagina treze. Seus olhos se encheram de afeição e Sophia por alguns segundos ficou encostada ali, no conforto daqueles braços. No ombro de Edu.
Ela foi embora, mas prometeu que a noite se encontraria com ele no mesmo bar onde ficaram por horas conversando. Não havia outra coisa na cabeça dela que não fosse Edu e o passado arrebatador que tiveram. Queria tudo que haviam feito juntos de volta, mesmo sabendo que isso era hipotético. Improvável.
Na ultima noite de Edu no Brasil, ela o levou até sua casa para que também mostrasse uma coisa. Era uma carta. Uma carta daquele ultimo verão antes dele partir pra Londres, uma declaração, uma carta que mostrava todo o amor dela por ele, uma carta que nunca foi entregue.
Depois de ler e reler a carta uma dezena de vezes, Edu se entregou e deixou que os dois se unissem num abraço eterno, e a beijou incansavelmente. Deixou que seu coração articulasse a situação. Deixou que o passado invadisse seu presente. Deixou que Sophia o amasse. Amou e foi amado. Amou sem medo. Conseguiu amar, somente naquela noite.
Antes de partir, olhou dentro dos olhos de Sophia, entrelaçou seus dedos nos dela, apertou sua mão com força e em um tom meramente doce, falou “Girl, you’re good in all ways. EVERY WAYS!”. Deu-lhe um ultimo beijo e partiu.
Sophia nunca mais o viu. Nem conseguiu noticias. Talvez não volte a reencontrá-lo, mas sabe que tudo que passaram no passado e naquela ultima noite dele no Brasil, não será jamais esquecido. Tanto por ele, como por ela.
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